sábado, 20 de agosto de 2011

O futuro da internet, redes sociais e a era da transparência



Enquanto o Google tenta se reinventar para manter sua relevância nos próximos 5 anos, o Facebookcontinua enfrentando suas questões de privacidade ao lançar o Facebook Places e a Apple continua tentando desafiar as indústrias maduras com seus novos lançamentos, iPad, iTV, etc, a nova geração que nasceu com a internet continua desenhando o mundo tal como ele será nos próximos 10-20 anos.

Sabemos historicamente, que as grandes transformações tecnológicas remodelaram a sociedade, seus hábitos, ideias, valores… Foi assim no desenvolvimento da agricultura, foi assim na revolução industrial, foi assim com o surgimento da imprensa, do rádio e da televisão. Está sendo assim com o mundo digital.

O que acontece nesses momentos da história são transformações muito profundas que alteram totalmente o conhecimento da humanidade, sua forma de disseminação, polarização, hierarquização (se é que essa palavra existe). Vamos a um exemplo, estamos saindo hoje da comunicação em massa ou referida por “1 to N”, na qual poucos “broadcasters” definem o que todos assistirão, lerão, ouvirão, para o “N to N” na qual há uma democratização na geração do conteúdo. Isso já vemos acontecer com YouTube, Facebook, Twitter, e já não é mais segredo para ninguém.

Agora o debate está voltando para a privacidade vs. transparência, com o crescimento e a força das redes sociais. O vídeo acima gerou muito debate na imprensa e blogs nos últimos dias, pois nesse evento, Eric Schmidt do Google, desdenha um pouco da atitude aberta dos jovens em redes sociais, dizendo que esses serão os seus empregados do futuro e terão que até que mudar de “identidade” para se recuperar das “besteiras” que escancararam online na sua adolescência e juventude.

Do outro lado vem o Mark Zuckerberg, com o Facebook e continua a desafiar o direito constitucional por privacidade americano, trazendo configurações em que o padrão é tudo aberto, e você precisa do opt-out para se esconder, haja visto o recém-lançado Facebook Places. No entanto, esse tema é muito mais profundo que a postura do Facebook ou opinião do chefe do Google. O autor americano de ficção científica David Brin, escreveu há alguns anos o livro The Transparent Society, em que articula exatamente o dilema entre a privacidade e transparência como passo importante pelo qual a evolução humana estaria passando nos próximos anos.

O fato é que parece que a sociedade está passando mesmo por fortes transformações neste campo, e os jovens, consciente ou inconscientemente tem liderado esse movimento. Mais fácil de entendermos é a busca pela transparência da política, das empresas dos governos, que nos anos 2000 já é uma questão aceita e demandada pela imprensa e sociedade em geral. Mas lembra, que há 20 anos, as coisas ainda não eram bem assim.

Portanto, se há uma aceitação e uma demanda pública pela transparência de empresas e governos, o que a era da transparência espera de seus indivíduos? Será que as transformações tecnológicas e redes sociais estão catalizando o processo de busca de transparência dos indivíduos? Será que como o Eric Schmidt falou, está chegando a hora das pessoas fazerem o write-off de suas “besteiras” do passado e preparar-se para o convívio em um mundo mais aberto e às claras? Será que os jovens já vivem nesse mundo e que será a coisa mais natural nos próximos 10 ou 20 anos?

É exatamente nesse conflito entre privacidade e transparência, que o livro de David Brin explora sua narrativa. Provavelmente um novo ponto de equilíbrio estará sendo criado, com um novo padrão aceitável de privacidade e transparência (é claro que a segurança também é um fator importante nessa balança, e muito aqui no Brasil). Na verdade, não tenho a mínima ideia…

Só sei de uma coisa. Discordo do Eric Schmidt, os jovens não precisarão de novas “identidades”. Nem os jovens, nem os velhos, pois se quiserem realmente, aqui mesmo, nessa vida, é sempre tempo de encarar suas “besteiras”, reformular suas ideias, largar as suas pedras, superar as suas amarguras e viver a vida com liberdade e transparência, como vivem os jovens, mas com responsabilidade de quem aprendeu com suas experiências…

In Mobi9, por André Bianchi.

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